O deputado Ney Leprevost ocupou a tribuna da Assembléia Legislativa nesta segunda-feira para cobrar do Governo Federal uma explicação sobre o vínculo de ministros e ex-ministros com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). O parlamentar leu trechos da revista Veja desta semana em que o ex-ministro José Dirceu é apontado como o elo entre o governo brasileiro e a narco-guerrilha. A matéria da Veja foi gerada por uma publicação da revista colombiana Cambio mostrando que arquivos eletrônicos apreendidos na selva após a operação que derrubou Raúl Reyes comprometem autoridades brasileiras e próceres petistas como colaboradores da organização terrorista que mantém centenas de civis em cativeiro.
Em março, após declarações do presidente do Equador, Rafael Correa, de que as FARC já estavam operando em território nacional, Leprevost enviou ofício ao presidente Lula requerendo uma investigação da ABIN ( Agência Brasileira de Inteligência) para detectar se a afirmação era procedente. Até agora, o Governo Federal, que tem por hábito responder todos os ofícios de deputados federais e estaduais, não enviou resposta ao legislador paranaense. As denúncias são gravíssimas. As FARC são uma organização criminosa, que seqüestra pessoas inocentes. O governo brasileiro não pode financiar e nem ter seus ministros financiados por este movimento terrorista que tenta ameaçar a democracia e a estabilidade na América Latina, afirma Ney.
Persona não grata
A Veja também revelou que a nova postura do presidente venezuelano, Hugo Chávez, deve-se a descoberta de que ele é financiador das ações das FARC. Para tentar abafar os reflexos negativos do seu vínculo com a organização, Chávez fez até o sacrifício de visitar o rei da Espanha, que havia mandado ele calar a boca em uma reunião de cúpula.
Ouço falar das ligações do Chávez com as FARC há muito tempo. Foi este um dos motivos para torná-lo persona non grata no Paraná, conta Leprevost. Outra denúncia da Veja é de que o terrorista Olivério Medina, acusado de assassinatos, seqüestro e extorsão pela Justiça colombiana estaria sendo protegido por autoridades brasileiras. Para ajudá-lo, o Governo concedeu a Medina a condição de refugiado político e uma nomeação para sua esposa em cargo comissionado no Ministério da Pesca.
Estou enviando cópia da meu pronunciamento para a bancada federal. Espero que eles investiguem essas situações. O Governo tem que vir a público se explicar, afirma Ney. O parlamentar também enviou ofícios ao Ministro da Justiça e ao Ministro da Defesa pedindo esclarecimentos. Todos os deputados do Brasil deveriam cobrar uma explicação. Nós temos o dever de preservar a democracia, o estado de direito, a harmonia, a paz e a liberdade de expressão. O que o Brasil menos precisa é de vínculos com uma organização terrorista e de influências anti-democráticas, afirma Ney.
