Assim que escurece, a região histórica de Curitiba torna-se uma verdadeira “cracolândia”. A constatação é dos deputados que compõe a CPI da Saúde Psiquiátrica da Assembléia Legislativa do Paraná
Na terça-feira a noite, acompanhados do presidente da Sociedade Paranaense de Psiquiatria, doutor André Rotta, os deputados Ney Leprevost, presidente da CPI, Felipe Lucas, relator, e Gilson de Souza, membro e pastor evangélico, fizeram uma visita surpresa as ruas próximas da Catedral Metropolitana e conversaram com moradores e com a população de rua.
“É estarrecedor. Entrevistamos moradores e alguns dependentes de crack. Constatamos ineficiência do poder público e falta de políticas sociais para assistir adequadamente aos doentes mentais”, afirmou Leprevost.
Uma senhora de 62 anos, que pediu para não ser identificada, afirmou que o consumo e o tráfico de crack são rotina diária no entorno do Centro Histórico. “Conversei com uma moça que estava fumando crack e ela disse que era ex-enfermeira de um hospital infantil aqui em Curitiba e começou a se drogar durante um período de depressão”, disse.
Ao verem as luzes das cameras de filmagem, alguns usuários de crack escondiam o rosto e outros se aproximaram de uma forma amistosa. Ao abordar um dos usuários, dependente há mais de 3 anos, ele disse que já frequentou o CAPS da Prefeitura diariamente, mas agora o atendimento é realizado somente uma vez por semana, o que prejudica o tratamento. “Não tem saída sem o auxílio diário de médicos especializados e medicação correta”, afirmou o relator Felipe Lucas, que é médico.
Uma das revelações que já havia sido feita a CPI e foi comprovada através de entrevistas com usuários em tratamento, é a piora do sistema de saúde mental da Prefeitura de Curitiba nos últimos anos.
“É preocupante ver o centro de Curitiba tomado por pessoas dependentes de crack, algumas recebendo um tratamento que não é o ideal e outras sequer sendo tratadas. Também constatamos a atuação de traficantes deste veneno chamado crack agindo de forma livre, sendo conhecidos por boa parte da população, por comerciantes e colocando em risco a integridade física e até mesmo a vida das pessoas de bem”, afirmou o deputado Gilson de Souza.
Nesta quinta-feira Leprevost oficiou o Denarc e o comando da PM pedindo uma ação rigorosa contra os traficantes de crack que atuam na região central da cidade.
O deputado também encaminhou a Secretaria Municipal de Saúde e a FAS, documento da CPI pedindo assistência imediata aos pacientes com transtornos mentais e dependência de crack que frequentam a região.
Composta pelos deputados Ney Leprevost, Felipe Lucas (médico) e Gilson de Souza (pastor) e pelo doutor André Rotta, presidente da Sociedade Paranaense de Psiquiatria, a comitiva passou pelas ruas Saldanha Marinho, do Rosário, José Bonifácio próxima da galeria Julio Moreira e imediações da Catedral Metropolitana de Curitiba.