A saúde mental despontou como uma das principais preocupações da população paranaense durante a Audiência Geral de Saúde promovida pela Frente Parlamentar da Medicina, presidida pelo deputado Ney Leprevost, na quarta-feira (28), em Curitiba.
O encontro reuniu profissionais da saúde, representantes municipais e cidadãos para debater os principais entraves enfrentados tanto na rede pública quanto na privada.
Logo na abertura, o deputado destacou o caráter participativo da audiência: “Hoje, o nosso papel é ouvir. Precisamos dar atenção para as demandas reais da população nos bairros de Curitiba, na Região Metropolitana, no litoral e no interior do estado”, afirmou Leprevost, ressaltando que todas as reivindicações serão encaminhadas aos órgãos competentes por meio de ofícios e expedientes formais.
Entre os relatos mais comoventes esteve o de Sarah Nicolleli, presidente da Associação Mãos de Mães das Pessoas com Esquizofrenia. Ela expos a escassez de recursos, medicamentos e centros especializados para tratamento de transtornos psiquiátricos no Brasil. “No Paraná, cerca de 110 mil pessoas convivem com a esquizofrenia, muitas sem o mínimo de suporte”, alertou.
A médica oncologista Maria Cristina Figueroa, do Instituto Nós Por Elas, chamou atenção para o impacto da saúde mental nas mulheres. “O sistema de saúde ainda falha na atenção psicossocial feminina. Precisamos acolher e cuidar da saúde mental das mulheres em todas as fases da vida”, enfatizou.
O secretário municipal de Saúde de Doutor Camargo, Cláudio Silva Júnior, reforçou a urgência por mais investimentos e sugeriu a implantação das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), que promovem uma abordagem mais humanizada e preventiva.
Outro destaque foi o depoimento da médica Consuelo Peixoto, que apontou a dificuldade de conseguir internações psiquiátricas. “Faltam hospitais e clínicas especializados para a saúde mental. Essa audiência é fundamental para dar visibilidade a essa crise silenciosa”, afirmou.
Durante a audiência, mais de 30 pessoas fizeram uso da palavra. A saúde mental foi o tema mais recorrente, revelando um cenário de grande fragilidade: falta de estrutura, carência de profissionais, ausência de centros de atenção psicossocial e demora no acesso a tratamentos e diagnósticos.
No encerramento, o procurador de Justiça do Ministério Público do Paraná, Dr. Marco Antônio Teixeira, fez um apelo pela valorização do SUS e elogiou a iniciativa: “O Sistema Único de Saúde brasileiro, com todas as suas limitações, é mais abrangente do que o sistema de saúde inglês. Mas precisamos avançar. As questões levantadas hoje servem como um guia para aprimorar as políticas de saúde”.
Entre as principais reivindicações estão: ampliação do acesso a medicamentos, consultas com especialistas, leitos hospitalares, atenção à saúde das gestantes e pessoas com deficiência, além de uma política robusta para o cuidado em saúde mental.
Além do deputado Ney Leprevost, a mesa foi composta pelo Dra. Lenira Gaede Senesi, da Associação Obstetrícia e Ginecologia do Paraná; pela Sra. Sarah Nicolleli, presidente da Associação Mãos de Mães das Pessoas com Esquizofrenia; pelo Dr. Marco Antônio Teixeira, procurador de Justiça do Ministério Público do Paraná; pelo Dr. Avelino Ricardo Hass, da Academia Paranaense de Medicina; pelo Dr. André Moreira Rodriguez, vice-presidente da Academia Paranaense de Odontologia; pelo Dr. Paulo Cinquetti, Defensoria Pública do Paraná; pelo Sr. Guilherme Felipe Miller, do Tribunal Eleitoral do Paraná; pela Sra. Cristine Pereirra Pinto, do Conselho Estadual de Saúde; Dra. Deise Batista, presidente do Conselho Regional de Nutrição; pela Dra. Ana Lúcia Tolazzi, presidente da Academia Paranaense de Odontologia; pelo Dr. Domingos Murta, presidente da Associação dos Amigos do HC; pelo Dr. Guilherme Palú, vice-prefeito de Mandirituba; e pela Sra. Tânia Mary Gomez, da Associação Embaixadoras do Bem.
(Via assessoria de imprensa)